NATURAL DE CEARÁ MIRIM, NASCIDO EM 11 DE JUNHO DE 1898 E FALECEU EM SÃO PAULO, NO DIA 05 DE FEVEREIRO DE 1970. CHEGOU EM MARTINS NO ANO DE 1919, PARA TRABALHAR NA ESTAÇÃO TELÉGRAFOS. EM MARTINS EXERCEU O CARGO DE PREFEITO NO PERÍODO DE 1948 A 1953 E CASA-SE COM A MARTINENSE ALZIRA CARVALHO, FILHA DE JOAQUIM IGNÁCIO DE CARVALHO E DE MARIA GOMES DE OLIVEIRA CARVALHO, ELEITA EM 5 DE JANEIRO DE 1958, TOMOU POSSE EM 31 DE MARÇO DE 1958 E GOVERNOU ATÉ 31 DE MARÇO DE 1963 FOTO - INTENET
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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020
JOCELYN VILLAR DE MELO
A FIGURA DE JOCELYN VILLAR
Ticiano Duarte
Jornalista
Uma das figuras esquecidas pela memória política do estado, é a de
Jocelyn Villar de Melo, líder político na zona oeste, mas, atuando sobremaneira
no município de Martins, onde foi prefeito e seu representante, na Assembléia
Legislativa, por várias legislaturas.
Oriundo
dos quadros do velho perrepismo, em seguida da UDN, era cunhado do ex-senador
Joaquim Inácio de Carvalho, que foi também vice-governador do Rio Grande do
Norte, ex-prefeito de Natal e deputado estadual. Apesar de nascido em Ceará
Mirim, em junho de 1895, Jocelyn chegou em Martins, no ano de 1920, como
telegrafista e ali fixou-se, definitivamente, realizando uma carreira que o
consagrou na vida pública, como político sério e honesto.
JOCELYN VILAR
Tive com ele um relacionamento de amigo e companheiro de luta, em certa
fase de nossa história política, nos anos 60, quando da ascensão de Aluízio
Alves, seu grande amigo e que no seu governo, fora convocado para ocupar as
secretarias de Interior e Justiça e Agricultura.
Em 1955, Jocelyn rompeu com a UDN, divergindo do acordo firmado entre
Dinarte e Café Filho, cujo objetivo era abrir vaga da senatoria para efetivar o
suplente Reginaldo Fernandes, pessoa ligadíssima ao ex-presidente da República.
Jocelyn saiu candidato ao governo do Estado, apoiado pelo PSD e liderando a
dissidência udenista na zona oeste e trazendo o apoio dos Rosados, de Mossoró.
Foi candidato a deputado federal, na redemocratização, em 45, para
compor a Assembléia Nacional Constituinte, pela UDN, juntamente com José
Augusto Bezerra de Medeiros, Aluízio Alves, Duarte Filho. Contava-se, logo após
o pleito, à boca pequena, que ele e Duarte Filho tinham sido vítimas de uma
fraude nos mapas, na apuração final, no próprio Tribunal Regional Eleitoral.
Esta é outra história (das fraudes e das brejeiras nos mapas), que para ser
contada em detalhes vai requisitar muito espaço em jornal ou de livro com
muitas páginas.
Formado em direito, pela Faculdade do Ceará, em 1933, Jocelyn não
exerceu a profissão, dedicando-se totalmente à atividade pública e política,
tendo sido deputado estadual de 1955 a 1967.
Era uma figura curiosa, na sua forma de falar, o hábito de dizer,
“pe-pe-pei, pou-pou-pou, essa coisa toda, essa coisa toda...”. Na campanha de
1955, disputou o governo contra Dinarte Mariz e a oposição o apelidou de “sabiá
molhado”. O cabelo era bem penteado, óculos escuros, vestia sempre tropical
inglês, a brilhantina realçava nos seus cabelos lisos, o bigode fino bem
aparado. Era um excelente articulador político. Paciente, conversava pouco e
ouvia muito. Quando deputado, no governo de Aluízio, intermediou muitos
contatos com a oposição tentando aprovação de muitas mensagens importantes
encaminhadas ao poder legislativo, onde o governo era minoritário.
Certa feita, passou mais de 48 horas acordado, aguardando o término de
uma partida de pif-paf, no Natal Clube, na qual participava um deputado
oposicionista que tinha um gosto apurado pelas cartas de baralho. Ao término da
maratona que Jocelyn aguardou pacientemente, tomando café e fumando, levou o
seu companheiro de parlamento para votar favorável ao governo.
Na fase do regime militar, logo no início do movimento de exceção, foi
alvo de perseguição, por parte de alguns dos seus inimigos gratuitos que tinham
acesso e prestígio junto aos órgãos de informação e de investigação da
ditadura. Foi humilhado, convocado inúmeras vezes a prestar esclarecimento.
Nada foi apurado contra a sua vida limpa e honrada. Mas, deixou marcas de
constrangimento e decepções.
Na sua administração, na prefeitura de Martins, realizou um trabalho que
o consagrou como o maior prefeito da história do seu município. Construiu
maternidade, orfanato, escolas, as sedes da Prefeitura, da Câmara Municipal e
do Fórum, um novo gerador para a usina de força e luz e outras obras
importantes.
Mas, após o traumatismo a que foi submetido, diante de inquisidores
despreparados e a serviço dos seus adversários políticos, adoeceu gravemente,
tendo que se submeter a tratamento em centro médico mais avançado, em São
Paulo, vindo a falecer, no ano de 1970.
O escritor e grande historiador Hélio Galvão, seu velho amigo, em artigo
publicado neste jornal, em maio de 1971, homenageando a sua grande figura,
disse entre outras coisas: “A moléstia insidiosa que se lhe instalou no
organismo aproveitou aquelas noites insones, aquelas emoções nunca
sentidas e desfechou a ofensiva mortal”.O escritor Manoel Onofre Junior, no seu
livro, “Simplesmente Humanos”, narrando sobre a presença política de Jocelyn
Villar, em Martins, disse como muita justiça: “Como poucos outros políticos ele
poderia ter, como epitáfio: aqui jaz um homem de bem”.
Fonte: Tribuna do Norte, Natal-RN, edição de 9
de setembro de 2009.
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